2005/10/05

Do que não faz mais sentido ou Dias que não são bem-vindos


Cristina Carriconde

Quando um dia triste vai se moldando na minha janela, eu me lembro das coisas que perderam o sentido na minha vida. Acho que a partir do momento que a vontade de estar só é maior que o prazer de uma companhia, ainda que momentânea, já não vale mais a pena esperar por algo incerto e vago. O dia vai nascendo e eu fico tentando fazer com que nasça em mim aquela menina paciente, que desabrocharia, de tão simplória crisálida, a tons de plenitude, com asas a admirar novas paisagens, pores-de-sol, horizontes...

E, enquanto me esforço para isso, acabo por abstrair as interrogações desse dia que ainda não sangrou todas as amarguras, ainda não mostrou todos os obstáculos, ainda não chorou todas as dores de solidão...

O dia triste vai se revelando e, ao mirar mais um sol de calmaria, posso perceber no peito o palpitar desconcertado de um coração que tenta entender e se conformar com essas perdas.

Não há sentido. Em muitas coisas. Mais.

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