2006/02/16

Sobre lidar com lembranças

"Os seus passos confundem-se com a escada, início e meio, atropelo, marasmo, cansaço, sinta que tudo completa uma fase indispensável, uma direção ainda não definida, há degrau para tanto, para reconhecimentos. Ruínas de outros tempos apenas no resgate de lembranças merecidas."

Leila Lopes

Concordo mesmo com tudo isso. Se as lembranças deveriam ser o que de melhor habita em nós, no sentido de fazer com que um sorriso brote da face, por ter vivido algo da melhor maneira, de que vale desenterrar aquelas memórias de dor, lágrimas e faltas do que não se teve?

Tudo bem que nem sempre o vivemos intensamente, mas valeu a tentativa, o esforço... agora, ficar remexendo uma ferida de perda ainda mal cicatrizada, vale mesmo a pena? Sei que nos completa, ainda que momentaneamente, aquela autoflagelação consentida, mas, e o depois? E o incômodo até que volte a se recuperar?

Não sei, já cultivei muitas coisas doloridas, e já as reguei com muitas lágrimas. Mas hoje, prefiro acreditar e viver esperando que desabrochem apenas aquelas que me acrescentem esperança, que me encham os olhos, e o coração.

E as outras, que só machucam, não me fazem bem e me impedem de viver o melhor da vida, prefiro deixar que sejam levadas. Pelo vento... pelo tempo... por qualquer coisa.

Imagens de Paulo Medeiros.

O texto todo da Leila, aqui.

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