2007/10/21

Possibilidades

Agora eu sou essa porta entreaberta, esse prefácio de dia, essa aurora que quer raiar. Devo ser também um livro com algumas páginas desentendidas, alguns rabiscos de sonhos, de devaneios, de futuros ou de decepções. Sou mais essa página e também essa caneta que escreve e desiste, desenha e sorri, balbucia e a lugar nenhum chega, parecendo des-esperar. Vês algo entre as folhas? Entre o agora e o passado há tanto o que se dizer, há tantas lacunas e questionamentos que pairam nos cumes do invisível e do improvável... Perguntas ao nada, respostas que fogem ao coração. E eu, à beira, permaneço quieta e muda, abdicando de convicções, como aquele livro agora fechado e como a caneta sobre a mesa. Posso ser quem sabe essa leve brisa, ou até mesmo (e até prefiro) uma pétala esquecida ao canto que, num secreto calar, espera pelos raios de um sol que não tarda, e permite que absorva um pouco da sua singela essência de querer ser infinitamente grande.

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