2010/11/02

Da dor que ficou

José António - ID-37 (olhares.com)
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Quando tu foste, habitou em mim uma dor. Em mim ficou aquela lacuna, como uma ferida que emerge dia a dia ainda mais forte, e lateja, e incomoda. (já faz tanto tempo, né?). É que a nossa cumplicidade era grande, o nosso carinho, saber com qual palavra tu terminarias a frase. Sabíamos de nós. Sabíamos de um sentimento bonito. Tu foste e eu, precisando seguir outro rumo, me vi assim, com essa dor toda... e os dias foram passando, a tua falta crescendo, e eu precisando de uma rota diferente daquele caminho que traçavamos. Mais um dia, mais uma espera, mais um vácuo. Até que, no lugar dessa dor, nasceu uma saudade, talvez até maior do que a dor, para ocupar o lugar, tomar conta de tudo. E eu me vi diferente. o mesmo carinho. as mesmas lembranças. a mesma memória que guarda o teu nome e te procura. Porém livre, sabendo do destino que não erra nunca, até para separações. Hoje não sei mais em que pensas, se pensas em mim, ou no que vivemos. O tempo passa, as lembranças ficam espaçadas, e tudo vai se esvaindo... não sei mesmo, mas procuro viver com o que foi bom, o que nos fez ser melhores, até quando nos foi permitido.
Difícil, porém necessário.
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A dor é, em algum grau, libertadora.

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