Foto: Desconheço Autoria
Hoje eu procurei um pouco de ti nos poemas antigos, num
papel velho e amarelecido no fundo da gaveta. Te procurei no vento frio do
inicio da noite, na esquina da minha rua que faz uma curva que eu não gosto de
atravessar. Te busquei na música que, para mim, sussurrava seu nome, meu nome,
aquela música que eu insistia para você ser a nossa. Quis te sentir num verso
antigo, numa batida qualquer. Eu procurei te ver nas paredes que pintei de
branco quando jurei para mim mesma apagar o que vivi contigo. Eu tentei
de ver num canto, numa quina, num beco do caminho que sempre me fez ter certeza
de que tu estavas nele.
Não sei se o que a gente chama de saudade faz sentido para
um coração que não pode viver para sempre o que queria. Às vezes, insistindo em
não sentir, é que vivemos os momentos mais intensos dessa nossa caminhada. Não
existe dia, nem data, nem hora para se re-viver, re-sentir e recordar do que
nos foi bonito e permitido.
Mas eu lembrei de ti, num rasgo de foguete, num momento
repentino, numa busca de mim. Seguimos sozinhos, mas levamos um pouco de cada
um que passou pelo nosso caminho, assim como eu levei de ti naquela manhã fria
e apática. Hoje foi um dia diferente, em que pude entender que ou a gente
escolhe dar um passo na direção do sonho, do amor e do novo, ou a gente se
afunda num passado bonito mas imutável, e permanece inerte diante do amanhã que
se aproxima.
Eu lembrei de ti hoje, meu pequeno, só que dessa vez, aqui
dentro, fez Sol.
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