Foto: Desconheço autoria
Para onde vão as palavras que não dizemos? Para qual espaço caminham nossos desejos não concretizados? Ensaiamos palavras, imaginamos cenas, admiramos o silêncio, esperamos pelo toque ou pela compreensão. Quantas foram as vezes que esperei a tua volta, o teu caminho sinalizar um retorno, os teus olhos voltarem para junto dos meus. Olhando para trás, inebriada pelo tempo por vezes tão rápido, parei para pensar nessa possibilidade de que talvez tu nunca saibas, tu nunca ouças, tu nunca me revejas, tu nunca relembres o tom da minha voz, a força do meu abraço, o jeito do meu beijo, o calor da minha pele. Parei e pensei que nesse teu caminho já tão distante do meu, eu não passe de uma mera lembrança, um passado esquecido no canto da sala, um tesouro para não ser desenterrado. Mas, mesmo assim, ao pensar em ti hoje, perto, como se aqui estivéssemos, como se juntos fôssemos, onde eu poderia encontrar as palavras e gestos que, há muito, anseio por dizer? Não sei. Talvez, como tu, tudo isso também esteja ao longe, guardado nos bolsos da saudade que me espreita: palavras e desejos inalcançáveis, quietos e à espera.
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