2017/11/05

Sobre não caber

Central Park/NY - minha autoria

Já não cabem mais em mim as palavras que tenho para dizer-te, as poesias que faço para ti.
Já não cabe mais em mim a vontade de ter-te para sempre, junto, para que os teus olhos nunca se percam dos meus, tampouco eu deixe de sentir o gosto da tua saliva entre os dentes. Não cabe no meu coração, que tornou-se pequeno, o sentimento que sussurra o teu nome, calando-se ante tudo isso. Gosto dessa sensação de já não caber mais em mim essa imensidão de azul, nem esse tanto de lírios que brotam dos meus olhos todas as vezes que miro aquela parede a qual pintei, a vivas cores, o teu nome. Assim, adivinho-me escondida nas dobras de tua pele, nos meus dentes cravados nos teus lábios, no teu nome saindo da minha boca. Eu desabrocho no teu peito. Espero-te, para que encontres em minha pele o desenho do teu toque e, no meu corpo, um lugar para que permaneças assim, quieto, manso, menino cansado. 

Dorme. Eu te cuido.